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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Um dos problemas mais comuns em propaganda é o mau uso da crase (coisa que não acontece no anúncio aí de cima, em que ela está corretamente empregada). É que no fundo ninguém conhece a fundo a função deste "fenômeno" da língua, que acontece quando a preposição a se junta com o artigo feminino a.
Regras:
1) A primeira coisa a fazer para descobrir quando usar a crase é fazer uma substituição em que se possa usar o artigo no masculino. Se na nova frase a junção transformar-se em ao (que chamo de versão masculina de à), haverá crase.
Veja: Para cada almoço de negócios, faça um jantar ao som de Edith Piaf.
Trocamos à luz de velas do anúncio acima por ao som de Edith Piaf.
É por isso que não se usa crase diante de palavra masculina. Portanto, pagamento à prazo está errado! Prazo é palavra masculina e neste caso nem pede artigo. A exceção fica por conta dos casos em que haja subentendida uma palavra feminina, como por exemplo Salto à Luís XV (à moda de Luís XV).
É possível também fazer a substituição pela expressão para a, especialmente em casos de lugares:
Foi à França (foi para a França).
Voltou a São Paulo (voltou para São Paulo).
Deu o livro à amiga (para a amiga).
Note que não se usa crase com nomes de cidade, a menos nos caso em que se atribui uma qualidade a ela:
Vou a Curitiba.
Voltaria à Paris dos apaixonados.
2) Casos específicos:
- sempre que se determinam as horas:
Das 8 às 9, à meia-noite, às 10h30.
- nunca com dias de semana:
De segunda a sexta.
3) Demonstrativos e relativos:
- nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo (e derivados):
Cheguei àquele (a + aquele) lugar. / Vou àquelas cidades. / Referiu-se àqueles livros. / Não deu importância àquilo.
- Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao ou aos:
Eis a moça à qual você se referiu (equivalente: eis
o rapaz ao qual você se referiu).
4) Antes de verbos, NUNCA se usa crase:
Começou a cantar.
5) Diante de alguns pronomes, nunca se usa crase:
Pediram a ela que saísse.
Ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você, alguma, qual:
Peço ajuda a alguém.
6) Sentido genérico:
Há casos em que se poderia usar a crase, porém, quando o sentido é amplo, não específico, não se usa o artigo. Então o que resta é somente a preposição a.
Não damos ouvidos a reclamações.
Havendo determinação, porém, a crase é indispensável:
Não damos ouvidos às reclamações indevidas.
7) Casos opcionais:
- Antes do possessivo:Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia.
- Antes de nomes de mulheres:
Declarou-se a Joana (ou à Joana). Em geral, se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso contrário, não.
- Com até: alguns gramáticos aceitam a crase com a preposição até. Porém a substituição pelo masculino (Foi até "ao" clube) causa estranhamento (são duas preposições mais o artigo). Por isso, a opção sem crase é menos polêmica:
Foi até a praia.
8) Locuções como as seguintes têm crase:
Às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera, à bala, à faca, à máquina, à chave, à vista, à venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha, à espada, à queima-roupa e outras locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição linguística o exija.
Fonte: Manual de Redação e Estilo, O Estado de S. Paulo.
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Ri horrores com este Tumblr descoberto na semana passada. O Sei Lá Como Se Escreve "cata" preciosidades das redes sociais. Sabe quando você não sabe como se escreve? Melhor pesquisar. Haha.
Pra rir um pouco, clique aqui.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011
De todos os materiais que li sobre o assunto, um me parece o mais
sintético e prático para salvar a vida de quem quiser se adequar às
novas normas. Confira aqui.
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Lauda é a unidade de cobrança utilizada em nossos serviços de texto.
Seguimos o critério definido pela JUCESP (Junta Comercial do Estado de
São Paulo), ou seja, 1.000 caracteres de texto, sem espaços.
Para calcular lauda: se o documento estiver em meio eletrônico, basta utilizar o menu FERRAMENTAS e então o comando CONTAR PALAVRAS do processador de textos Microsoft Word. Anote o resultado das Estatísticas, considerando o número encontrado em CARACTERES (SEM ESPAÇOS). Divida esse resultado por 1.000 (número de caracteres de uma lauda). Pronto! Você terá o número aproximado de laudas do seu projeto (o número exato depende da combinação de idiomas, uma vez que o texto poderá aumentar ou diminuir ao ser traduzido).
Para calcular lauda: se o documento estiver em meio eletrônico, basta utilizar o menu FERRAMENTAS e então o comando CONTAR PALAVRAS do processador de textos Microsoft Word. Anote o resultado das Estatísticas, considerando o número encontrado em CARACTERES (SEM ESPAÇOS). Divida esse resultado por 1.000 (número de caracteres de uma lauda). Pronto! Você terá o número aproximado de laudas do seu projeto (o número exato depende da combinação de idiomas, uma vez que o texto poderá aumentar ou diminuir ao ser traduzido).
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Gabriel Perissé, em seu excelente texto “Oços do Ofíssio”, lembrou
que Monteiro Lobato costumava dizer que a tarefa do revisor é das mais
ingratas. Que o erro se esconde durante o processo de confecção do livro
para, depois de tudo pronto, aparecer na primeira página aberta, como
um saci danado, pulando, debochando do profissional.
Eu penso, e aprendi na prática de anos revisando peças publicitárias, que não podemos ser radicais e que nem todo redator domina com propriedade a gramática da Língua Portuguesa (se fosse assim, digo que teria começado como redatora de uma vez), quiçá outros idiomas, tão presentes na comunicação brasileira, assim como os neologismos, regionalismos e gírias das mais variadas.
Confesso que quando comecei era mais exigente. Mas com o tempo relaxei e aprendi que algumas vezes os erros são propositais e uma tentativa de aproximar-se do público-alvo. Mas que fique claro: essa transgressão da norma, uma “licença-publicitária”, só é aceita quando a peça exige. Todo o resto continua sendo sinônimo de que você fugiu daquela aula de Português e motivo de vergonha mesmo.
Sendo assim, listei aqui os dez erros gramaticais mais comuns que venho encontrando em propaganda, entre publicitários e em mesas de bar. Se por algum acaso do destino você pretende ser redator, recomendo ainda ter em mãos dois bons dicionários (Aurélio e Houaiss, que nem sempre concordam em tudo) e o Manual de Redação do Estadão, além de saber alguma coisa sobre o professor Pasquale e o Sacconi.
1- Pra mim fazer.
Eu poderia explicar que ‘mim’ não pode ser sujeito, mas prefiro dizer que falar assim é imitar os índios de algum filme bobo da Sessão da Tarde. É feia, mas grave a seguinte contração: “preu fazer”. Depois, aos poucos, vá soltando o ‘pra’ do ‘eu’. Pra eu fazer. Pra eu levar. Pra eu (qualquer verbo no infinitivo).
2- Venda à prazo.
Ahhhhh, a crase. Essa palavrinha que não significa um acento, mas sim um encontro. Explico: crase nada mais é que a junção de dois ‘as’. Um é a preposição. O outro é o artigo.
Vou à casa da minha mãe = Vou a (prep.) a (artigo) casa da minha mãe.
Veja no masculino: Vou ao banco = Vou a (prep.) o (artigo) banco.
Por isso não existe crase antes de palavra masculina.
3- Esse senhor, é meu pai!!!
Pontuação não é respiro. Vírgula serve, na maioria dos casos, para separar elementos de uma oração que tenham a mesma função sintática. Por isso, force-se um pouquinho para entender quem é o sujeito, quem é o predicado e não bote entre eles esse sinalzinho gráfico. Também não faça uso de exclamações em excesso, reticências a toda hora e essas coisinhas que a gente adora fazer em conversas de MSN.
4 – Erros de dijitassão e erros de garfia.
São muito comuns e pegam até mesmo os mais atentos revisores. Isso acontece porque costumamos a antecipar a leitura das palavras. Uma boa dica para revisores: faça a leitura de sílaba por sílaba e marque com um lápis ou mentalmente as já lidas. Para os redatores, antes de aplicar o texto no layout ou em arte-final, escreva-o no word e use o corretor ortográfico. Seja revisor de si mesmo e peça ajuda sempre.
5 – Wrong traduciones.
Muito cuidado com estrangeirismos e palavras em outros idiomas. Muitas vezes elas não são o que parecem e podem provocar uma saia-justa internacional. Trabalhei em uma agência que traduziu o slogan de uma famosa companhia aérea pro francês, “Vous êtes né pour voler”, sem saber que o verbo ‘voler’ (voar) também significa roubar, em francês. “Você nasceu para roubar” não seria mesmo uma coisa apropriada, e a sorte de todos foi que o revisor era curioso o suficiente para ligar para uma amiga que conhecia o idioma.
6 – Obrigado(a).
Não tem erro: meninos dizem obrigado. Meninas dizem obrigada. E os simpatizantes podem escolher!
7 – Super legal.
O maior problema entre revisores, redatores e diretores de arte. Isso acontece porque o redator cria o título assim, com as palavras separadas. O texto é aprovado e o diretor de arte transforma em imagem vetorizada. O cliente aprova e a arte-final chega para o revisor avisar pela enésima vez que ‘super’ é prefixo e que, portanto, a palavra correta, por mais estranha que possa parecer, é ‘superlegal’. Quanto vocês querem de aposta que ela vai sair errada e separada?
8 – Regência verbal (hãn?).
Nesse momento a gente precisa voltar um pouquinho àquela aula do colégio. Que raio vem a ser isso? Bem simples: é a relação de dependência que um verbo estabelece com seu complemento. Ou em outras palavras: que preposição usar (ou não) com cada verbo.
É um pouco chato, mas lembre-se dos casos mais famosos: :’ir/chegar a’ (e não ‘em’). ‘Assistir ao filme’ (‘assistir o filme’ significa dar assistência).
9 – Eles tem razão.
Verbo também tem plural. ‘Eles têm razão’ e ‘eles vêm aqui’.
10- Vícios de linguagem.
Umas das piores coisas, e que a gente dificilmente achará em gramáticas e dicionários, é saber controlar os próprios erros. Termos como ‘a nível de’ e gerundismos em geral (do tipo ‘vamos estar retornando sua ligação’) são consagrados como exemplos do que não fazer, como não escrever e nunca, em tempo algum, repetir. Como saber disso? Não tem jeito: lendo, lendo, lendo. Leia coisas ruins, leia coisas boas e, sobretudo, saiba encontrar a diferença.
É isso. Espero que não tenha atrapalhado muito. E não revisem esse texto.
Eu penso, e aprendi na prática de anos revisando peças publicitárias, que não podemos ser radicais e que nem todo redator domina com propriedade a gramática da Língua Portuguesa (se fosse assim, digo que teria começado como redatora de uma vez), quiçá outros idiomas, tão presentes na comunicação brasileira, assim como os neologismos, regionalismos e gírias das mais variadas.
Confesso que quando comecei era mais exigente. Mas com o tempo relaxei e aprendi que algumas vezes os erros são propositais e uma tentativa de aproximar-se do público-alvo. Mas que fique claro: essa transgressão da norma, uma “licença-publicitária”, só é aceita quando a peça exige. Todo o resto continua sendo sinônimo de que você fugiu daquela aula de Português e motivo de vergonha mesmo.
Sendo assim, listei aqui os dez erros gramaticais mais comuns que venho encontrando em propaganda, entre publicitários e em mesas de bar. Se por algum acaso do destino você pretende ser redator, recomendo ainda ter em mãos dois bons dicionários (Aurélio e Houaiss, que nem sempre concordam em tudo) e o Manual de Redação do Estadão, além de saber alguma coisa sobre o professor Pasquale e o Sacconi.
1- Pra mim fazer.
Eu poderia explicar que ‘mim’ não pode ser sujeito, mas prefiro dizer que falar assim é imitar os índios de algum filme bobo da Sessão da Tarde. É feia, mas grave a seguinte contração: “preu fazer”. Depois, aos poucos, vá soltando o ‘pra’ do ‘eu’. Pra eu fazer. Pra eu levar. Pra eu (qualquer verbo no infinitivo).
2- Venda à prazo.
Ahhhhh, a crase. Essa palavrinha que não significa um acento, mas sim um encontro. Explico: crase nada mais é que a junção de dois ‘as’. Um é a preposição. O outro é o artigo.
Vou à casa da minha mãe = Vou a (prep.) a (artigo) casa da minha mãe.
Veja no masculino: Vou ao banco = Vou a (prep.) o (artigo) banco.
Por isso não existe crase antes de palavra masculina.
3- Esse senhor, é meu pai!!!
Pontuação não é respiro. Vírgula serve, na maioria dos casos, para separar elementos de uma oração que tenham a mesma função sintática. Por isso, force-se um pouquinho para entender quem é o sujeito, quem é o predicado e não bote entre eles esse sinalzinho gráfico. Também não faça uso de exclamações em excesso, reticências a toda hora e essas coisinhas que a gente adora fazer em conversas de MSN.
4 – Erros de dijitassão e erros de garfia.
São muito comuns e pegam até mesmo os mais atentos revisores. Isso acontece porque costumamos a antecipar a leitura das palavras. Uma boa dica para revisores: faça a leitura de sílaba por sílaba e marque com um lápis ou mentalmente as já lidas. Para os redatores, antes de aplicar o texto no layout ou em arte-final, escreva-o no word e use o corretor ortográfico. Seja revisor de si mesmo e peça ajuda sempre.
5 – Wrong traduciones.
Muito cuidado com estrangeirismos e palavras em outros idiomas. Muitas vezes elas não são o que parecem e podem provocar uma saia-justa internacional. Trabalhei em uma agência que traduziu o slogan de uma famosa companhia aérea pro francês, “Vous êtes né pour voler”, sem saber que o verbo ‘voler’ (voar) também significa roubar, em francês. “Você nasceu para roubar” não seria mesmo uma coisa apropriada, e a sorte de todos foi que o revisor era curioso o suficiente para ligar para uma amiga que conhecia o idioma.
6 – Obrigado(a).
Não tem erro: meninos dizem obrigado. Meninas dizem obrigada. E os simpatizantes podem escolher!
7 – Super legal.
O maior problema entre revisores, redatores e diretores de arte. Isso acontece porque o redator cria o título assim, com as palavras separadas. O texto é aprovado e o diretor de arte transforma em imagem vetorizada. O cliente aprova e a arte-final chega para o revisor avisar pela enésima vez que ‘super’ é prefixo e que, portanto, a palavra correta, por mais estranha que possa parecer, é ‘superlegal’. Quanto vocês querem de aposta que ela vai sair errada e separada?
8 – Regência verbal (hãn?).
Nesse momento a gente precisa voltar um pouquinho àquela aula do colégio. Que raio vem a ser isso? Bem simples: é a relação de dependência que um verbo estabelece com seu complemento. Ou em outras palavras: que preposição usar (ou não) com cada verbo.
É um pouco chato, mas lembre-se dos casos mais famosos: :’ir/chegar a’ (e não ‘em’). ‘Assistir ao filme’ (‘assistir o filme’ significa dar assistência).
9 – Eles tem razão.
Verbo também tem plural. ‘Eles têm razão’ e ‘eles vêm aqui’.
10- Vícios de linguagem.
Umas das piores coisas, e que a gente dificilmente achará em gramáticas e dicionários, é saber controlar os próprios erros. Termos como ‘a nível de’ e gerundismos em geral (do tipo ‘vamos estar retornando sua ligação’) são consagrados como exemplos do que não fazer, como não escrever e nunca, em tempo algum, repetir. Como saber disso? Não tem jeito: lendo, lendo, lendo. Leia coisas ruins, leia coisas boas e, sobretudo, saiba encontrar a diferença.
É isso. Espero que não tenha atrapalhado muito. E não revisem esse texto.
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